sexta-feira, 2 de novembro de 2007

SEM-TETO SÃO PERSEGUIDOS EM "BRINCADEIRA" ADOLESCENTE NOS EUA

Jovens norte-americanos se dedicam a caçar sem-teto para agredi-los ou matá-los apenas para experimentar "emoções fortes" .
Quase dez anos depois de um grupo de quatro jovens de classe média de Brasília terem incendiado e matado o índio pataxó Galdino de Jesus, que dormia em um ponto de ônibus da capital, um crime que chocou o Brasil, atos de barbárie semelhante têm sido praticados por jovens norte-americanos, que se dedicam a caçar sem-teto para agredi-los ou matá-los, sem qualquer outro motivo que experimentar "emoções fortes".
Em alguns exemplos da prática, conhecida como "bum-hunting" (caça aos vagabundos), uma mulher que dormia em um cais foi jogada no rio e morreu afogada, um homem foi morto a golpes de tacos de beisebol e outro, preso a uma cadeira de rodas, teve o corpo incendiado.
Advogados dos sem-teto e criminologistas afirmam que nos últimos cinco anos a prática causou a morte de um sem-teto por mês.
Durante o ano, 16 pessoas sem lar foram assassinadas nos Estados Unidos, muitas delas pelas mãos de adolescentes.
Os advogados sustentam que o aumento da violência pode, em parte, ser atribuída à popularidade crescente dos vídeos chamados "Bumfights" (lutas de vagabundos) e de vídeos de imitação que mostram pessoas sem-teto, ou "bums", sendo agredidos, sofrendo abusos e humilhações.
"Quando saiu 'Bumfights', vimos um forte aumento no número tanto de ataques não-letais contra os sem-teto, quanto de assassinatos", disse Michael Stoops, diretor-executivo da associação nacional para os sem-teto.
"Estes filmes definitivamente influenciam os jovens. O passo lógico seguinte depois de ver um filme 'Bumfights' é sair e dar uma surra no vagabundo local. Isto é o que os adolescentes pensam", acrescentou.
Exploração milionáriaOs DVDs de "Bumfights", que custam em média US$ 20 (pouco mais de R$ 40), foram criados por um jovem de 18 anos que vendeu os direitos da série por US$ 1,5 milhão pouco depois de lançá-la, em 2001. Nos últimos cinco anos foram vendidas 300.000 cópias.
Os vídeos mostram Rufus Hannah, um homem sem-teto, apelidado de "Rufus the Stuntman" (Rufus, o dublê), batendo sua cabeça contra uma pilha de caixas, fazendo outras proezas perigosas ou lutando com seu melhor amigo, outro sem-teto.
Os produtores dos vídeos "me embebedavam e depois, basicamente, conseguiam com que fizéssemos tudo o que precisavam", contou Hannan, que deixou as ruas e agora tem um emprego na Califórnia. Ele contou que recebia alguns poucos dólares por cada representação.
Para Brian Levin, diretor do Centro para o Estudo do Ódio e o Extremismo da Universidade estadual da Califórnia, os vídeos inspiram adolescentes que buscam excitação e emoção. "Agora existe na cultura americana este conceito de emoção e diversão extremas", disse Levin à AFP. "Por isto se vêem tantos esportes extremos, mas também violência extrema". Levin e Stoops afirmaram que se está tentando conscientizar a população sobre o tema e para pressionar o Congresso para reforçar a legislação sobre crimes vinculados ao ódio para que incluam os sem-teto. Estima-se que haja 800.000 sem-teto dormindo ao relento nos Estados Unidos.
"Em muitos aspectos, temos melhores leis contra o abuso de animais do que contra a violência contra os sem-teto", disse Levin, acrescentando que espera que os adolescentes encontrem outra forma de canalizar sua energia.

Um comentário:

Mário disse...

mto bom o blog e o texto, q mostra bem alem da violencia a discriminação aos sem tetos!!!
muito bom msm.